EMEF Campos Salles: os salões uniram diferentes turmas e não utilizam mais o sistema de aula expositiva. |
Visitei estas três escolas semana passada em São Paulo. As
visitas foram bem diferentes de visitas que ando fazendo em Manaus para
escolher a futura escola do meu filho... No Âncora fui guiada por uma criança de 11 anos que mostrou o espaço da escola e conversou sobre como ela funciona, quais são as regras, o que eles estudam e o que ele acha da escola. Na Politeia, após 10 minutos que estava lá, me convidaram para um passeio ao parque que um grupo de alunos escolheu como atividade para a primeira parte da tarde. Por fim, ma Campos Salles, após conversa com educadores, conversei cerca de 20 minutos com a presidente a vice presidente da escola, duas simpáticas meninas de 12 e 13 anos que me contaram um pouco do dia a dia, dos desafios que elas encontram e do que estão estudando.
Projeto Âncora, uma ONG que tem uma escola particular
filantrópica de Educação infantil e Ensino Fundamental; Politeia, um colégio
particular de ensino fundamental; EMEF Campos Salles uma escola municipal
também de ensino fundamental. Três realidades diferentes, onde aprendi muito em cada uma delas. Para cada uma das experiências vou escrever um
post, mas por enquanto aqui gostaria de destacar alguns pontos que encontrei em
comum.
A
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional diz que “A educação, dever da
família e do Estado, inspirada nos princípios
de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) não
são divididos por série e valorizam a interdisciplinaridade. O que estas
escolas (e tantas outras - Veja link de mapeamento de escola democráticas no mundo) fazem não é novo, não é inédito. É um processo de retomada de levar
adiante o que educadores como Paulo Freire, Darcy Ribeiro e tantos outros já
nos dizem há tempos.
Projeto Âncora: Na mesma mesa três crianças de idades diferentes, cada uma fazendo uma atividade relacionada ao seu projeto individual (uma lendo um livro, outra desenhando e outro escrevendo). |
Nas
três escolas a criança é vista como indivíduo único e não padronizado. Eles não
usam uniforme, e um educando me explica: “Cada um é de um jeito. Acho chato
todo mundo se vestir igual”.
Após estas três visitas constatei que além de ser possível
transformar as escolas, é necessário e urgente. Se a escola já não fazia
sentido antes, hoje não se adéqua a realidade atual, da era da informática. Um educando
de uma destas escolas me disse que na escola que estudava antes o professor de
matemática ficava em seus precisos 50 minutos de aula explicando a tabuada, mas
ele não prestava atenção porque em 5 minutos poderia consultar a tabuada em seu
celular. A escola como é, com o professor como detentor do saber, chega a
parecer piada na era da informação/comunicação rápida.
Mural da escola Politeia com explicações da comissão que organiza as saídas da escola |
Uma educanda de 12 anos de uma das escolas me conta: “eu
sempre gostei de estudar, mas na outra escola a aula tinha 50 minutos. Quando
tinha passado uns 20 minutos eu estava começando a entender e me empolgar, mas
aí logo tocava o sinal e eu tinha que parar e começar a pensar na outra
matéria”. A colega dela, de 13 anos, completou: “sentar nestas mesas redondas junto com os
colegas é muito bom porque antes eu tinha que perguntar baixinho uma dúvida
para um amigo, com medo que o professor visse. Hoje a gente se ajuda, discute e
conversa sobre o roteiro que estamos fazendo. Não é só o professor que pode me
ajudar. Um colega também pode!”.
Nestas escolas as crianças aprendem a interpretar, pensar,
agir e ter valores como respeito, ajuda, ética, honestidade, entre outros...
Não é uma tarefa fácil, é uma mudança de paradigma e fruto de muito trabalho. Nas três escolas me deixaram claro que educação se faz em conjunto, com trabalho em equipe entre educadores, educandos, pais e comunidade.
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